martedì, maggio 01, 2007

Martha e as hemorróidas.


Martha era um bom nome. Soava bem aos seus imundos ouvidos.
Ela pensava se um dia seria capaz de pronunciar aqueles "th" como e com os britânicos.
Martha não tinha portas. Martha não tinha portas: sem portas, fechaduras e chaves.
Martha odiava o nome que tinha que usar para atender aos telefones e às pessoas que, geralmente ela não se importava muito, nas ruas e outros lugares sórdidos de sua "frequentação".
Muitos nomes, todos odiosos. E cada um deles possuia uma significação realmente desprezível se considerasse o conjunto da obra Martha.
Martha ia na cozinha: comia o que achasse menos repugnante para aquela manhã, o horário no qual resolvia olhar as caras enfadonhas que compunham o corpus de sua existência no complexo penitenciário.
Iogurte de ameixas, café com leite e jatos de adoçante, um pão seco sexo seco.
Sua preocupação era não terminar o café antes do cigarro. Geralmente o café terminava com aquele restinho frio e os resíduos químicos dos jatos de adoçante, então continuava a fumar engolindo o iogurte.
Agora poderia retornar à sua cama. Na verdade, nem era sua cama, seus lençóis, seus travesseiros;
Tudo pertencia à Eve e aos credores, mas sem Martha isso não seria possível.
Eve era uma retardada cheia de misticismos de ocasião. Ah, Eve.... saia das memórias de Martha!
E tinha o garoto. Martha continuava não tendo janelas. Nem portas.
Leu alguns páginas de um homem que já tinha lido inúmeras crises vezes. Martha era uma falsa mutante. Mutatis mutantis.
Olhava os frascos, resolveu escovar os dentes, escovava os dentes careados, obturados, careados novamente, obturados, careados novamente e feios. E faltava UM. Martha não tinha um dente. Isso é era absolutamente deprimente para Martha, mas não se preocupava em preservar o que restava. Odiava o ritual de escovação de dentes, limpar língua e tudo o mais.
Martha precisava de um banheiro SEU.
Eve passou, passava, passou, passa e passará. Viu, via, vê e verá água no chão. Martha olhou, olhava, olha e olhará Eve que vomitou, vomitava, vomita e vomitará alguma merda sobre não usar o pano de chão do banheiro para conter a água que cai da pia. Não enxugue o piso do banheiro com o pano limpo que eu lavei, lavava, lavo e lavarei. Imundice.
Martha não escolhia os lençóis nem as toalhas. Era a taxa por não lavá-las. E Martha sempre odiou, odiava, odeia, odiará lavar roupas.
Passou gloss nos lábios grossos e deformados, usou um gel de limpeza para o rosto e uma máscara facial ainda não pagas.
Fazia isto por não ter realmente nada que a situação naquelas manhãs, dias, semanas e anos ou sua preguiça ou síndrome de derrotismo ou futilidade mais do que necesssária para sobreviver ou qualquer outra coisa.
Martha não tinha nada de alcóolico, naqueles dias, semanas e meses de cárcere semi-fechado por si mesma, Eve e carteira vazia.
Eve trouve algumas coisas do mercadinho que ontem acalmariam Martha. Hoje não servem mais.
O garoto que não é mais garoto e não sei como chamá-lo aqui parece um acessório que às vezes Martha percebe no meio de tantos restos de variadas peças de mobília que não foram vendidas, ainda.
É um acessório-garoto-mimético.
Martha tem três paredes e não tem portas e não tem janelas.
Eve... uma carcereira maníaca compulsiva depressiva.
Martha odeia pessoas que sorriem.
E crianças que cantam e dançam.

Martha tem mais a dizer, mas são 12:37, meus pontos estão doendo e preciso de ajuda para levantar esta bunda gorda da cadeira.
Isso não é nenhuma porra literária, avisa Martha.

Como os sit-com que Martha odeia e repugna,
finalizo este pedaço do trecho da parte da diarréia verbal de Martha
to be continued.

Nessun commento: