Tenho quase certeza de que você tremerá de horror ao saber que estou escutando, neste exato momento, The Strokes! Sim, eu curto (um pouco) os Strokes, mas não é a mesma relação que tenho com outros fabulosos grupos com os quais compartilhamos interesses.
Hoje, nesta carta escreverei sobre minhas andanças no campo da psicanálise freudiana. É bem verdade, estou um tanto quando deslocada, mas, digamos, meu caro camarada, que isso não fere em nada o suceder de nossas conversas sobre os processos sociais fora dos muros da RFA.
Lembrei-me de um texto de Freud de 1912, mas publicado em inglês em 1924.
"Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise". Discuti alguns itens há uns oito meses com meu psicanalista, mas esta manhã resolvi resgatá-lo para saber o que opinas a respeito.
Eu sempre regasto algumas das informações/ afirmações de Freud a respeito do método, porque sempre me deparo com simulacros de analistas nos pátios da escolas de Psicologia.
O cara Sigmund dizia que o sentimento mais perigoso para o analista era o de ambicionar com a terapia alcançar algo que produzisse efeito convicente sobre as pessoas. Até porque isso, além de gerar situações melindrosas para o analista, o tornaria impotente contra algumas resistências do paciente, que segundo o próprio Sigmund, dependeria fundamentalmente da ação reciproca de forças nele.
O analista DEVE se ajustar ao paciente (agora estou usando as palavras do dito cujo) " como um receptor se ajusta ao microfone transmissor".
Eu estava, aliás, eu sempre pergunto se meu psicanalista está sendo analisado, já que o analista tem que estar sempre passando por este processo de purificação psicanálitica, para que fique mais ou menos ciente dos complexos seus que podem interferir naquilo que o paciente pode lhe dizer.
Esse discurso asséptico de que o analista deve manter-se tão distante quanto for possível é uma balela desmentida por Freud, em seus escritos iniciais. É claro que não estou advogando a favor de uma tribuna de debates de complexos e histerias entre analisando e analisado, mas o pressuposto freudiano diz que toda confidência merece outra e todo aquele que exige intimidade de outra pessoa deve estar preparado para retribuí-la.
Não se trata de TÉCNICA AFETIVA, até porque se assim o fosse o paciente com certeza tornaria o seu interesse pela análise do analista como uma resistência para explorar a sua.
Duas questões me inquietam e seria de muito bom grado se me desse a oportunidade de refleti-las contigo, caro tovarish.
Uma delas diz respeito à questão do analista controlar-se e guiar-se pelas capacidades dos paciente em vez de seus próprios, uma vez, que nem todo neurótico possui grande talento para sublimação.
Gosto quando Freud afirma: "A AMBIÇÃO EDUCATIVA É DE TÃO POUCA UTILIDADE QUANDO A AMBIÇÃO TERAPÊUTICA".
Outra questão é sobre a colaboração intelectual do paciente no tratamento. O tal do Sigmund orientava que a personalidade do paciente é o fator determinante. Neste sentido, seria totalmente equivocado, segundo o tal, determinar tarefas ao paciente, como por exemplo, fazer com que ele reflita/pense sobre um período especifico de sua vida. Caro tovarish, sei que me dirás que ele refletiu a posteriore sobre esta afirmação, mas trago a mesma à tona, novamente para que opines e não se atenha apenas às reproduções das Obras Completas em CD pirata que comprastes nos Populares do A tarde.
Nos textos, aos quais me reportei, o Sigmund acreditava que o paciente tem que aprender que atividades mentais - a exemplo da reflexão sobre algo especifico, etc - não levam a nenhuma soluação para os enigmas das neuroses.
Lembro que sou muito arguta e resistente, porque tento a todo o momento exercitar a arte de desviar para o debate intelectual o tratamento. Teorizar, teorizar, teorizarr, muitas vezes, muito bem sobre o meu próprio estado, mas o caro Sigmund em 1912 já advertia que isto não era novidade e que estas artimanhas são categoricamente recursos que usamos para evitar a superação de nossas neuroses.
Bem, é claro que Freud me surpreendeu bastante quando disse que aprendêssemos mais com a experiência pessoal do que com toda a literatura piscanálitica que se poderia dispor.
"O ego não é senhor de sua própria casa", dizia lá o homem....
Ah, cansei, caro tovarish.
Espero que já tenham feito as apresentações entre você e minha camarada Giulietta Bronstein,
leve-a para os confins da resistência e não deixe que o partido da frustração e do diletantismo pequeno-burguês a levem em direção à casa dos mortos que não é nada dostoievskiana.
mercoledì, agosto 02, 2006
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1 commento:
quebrem-se ou não os egos, o meu é do tamanho de um cristo de saias rodando a bolsa no calçadão.
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