mercoledì, agosto 02, 2006

Psicanálise e Sciochitto : novas cartas do lado de cá.

Tenho quase certeza de que você tremerá de horror ao saber que estou escutando, neste exato momento, The Strokes! Sim, eu curto (um pouco) os Strokes, mas não é a mesma relação que tenho com outros fabulosos grupos com os quais compartilhamos interesses.
Hoje, nesta carta escreverei sobre minhas andanças no campo da psicanálise freudiana. É bem verdade, estou um tanto quando deslocada, mas, digamos, meu caro camarada, que isso não fere em nada o suceder de nossas conversas sobre os processos sociais fora dos muros da RFA.
Lembrei-me de um texto de Freud de 1912, mas publicado em inglês em 1924.
"Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise". Discuti alguns itens há uns oito meses com meu psicanalista, mas esta manhã resolvi resgatá-lo para saber o que opinas a respeito.
Eu sempre regasto algumas das informações/ afirmações de Freud a respeito do método, porque sempre me deparo com simulacros de analistas nos pátios da escolas de Psicologia.
O cara Sigmund dizia que o sentimento mais perigoso para o analista era o de ambicionar com a terapia alcançar algo que produzisse efeito convicente sobre as pessoas. Até porque isso, além de gerar situações melindrosas para o analista, o tornaria impotente contra algumas resistências do paciente, que segundo o próprio Sigmund, dependeria fundamentalmente da ação reciproca de forças nele.
O analista DEVE se ajustar ao paciente (agora estou usando as palavras do dito cujo) " como um receptor se ajusta ao microfone transmissor".
Eu estava, aliás, eu sempre pergunto se meu psicanalista está sendo analisado, já que o analista tem que estar sempre passando por este processo de purificação psicanálitica, para que fique mais ou menos ciente dos complexos seus que podem interferir naquilo que o paciente pode lhe dizer.
Esse discurso asséptico de que o analista deve manter-se tão distante quanto for possível é uma balela desmentida por Freud, em seus escritos iniciais. É claro que não estou advogando a favor de uma tribuna de debates de complexos e histerias entre analisando e analisado, mas o pressuposto freudiano diz que toda confidência merece outra e todo aquele que exige intimidade de outra pessoa deve estar preparado para retribuí-la.
Não se trata de TÉCNICA AFETIVA, até porque se assim o fosse o paciente com certeza tornaria o seu interesse pela análise do analista como uma resistência para explorar a sua.
Duas questões me inquietam e seria de muito bom grado se me desse a oportunidade de refleti-las contigo, caro tovarish.
Uma delas diz respeito à questão do analista controlar-se e guiar-se pelas capacidades dos paciente em vez de seus próprios, uma vez, que nem todo neurótico possui grande talento para sublimação.
Gosto quando Freud afirma: "A AMBIÇÃO EDUCATIVA É DE TÃO POUCA UTILIDADE QUANDO A AMBIÇÃO TERAPÊUTICA".
Outra questão é sobre a colaboração intelectual do paciente no tratamento. O tal do Sigmund orientava que a personalidade do paciente é o fator determinante. Neste sentido, seria totalmente equivocado, segundo o tal, determinar tarefas ao paciente, como por exemplo, fazer com que ele reflita/pense sobre um período especifico de sua vida. Caro tovarish, sei que me dirás que ele refletiu a posteriore sobre esta afirmação, mas trago a mesma à tona, novamente para que opines e não se atenha apenas às reproduções das Obras Completas em CD pirata que comprastes nos Populares do A tarde.
Nos textos, aos quais me reportei, o Sigmund acreditava que o paciente tem que aprender que atividades mentais - a exemplo da reflexão sobre algo especifico, etc - não levam a nenhuma soluação para os enigmas das neuroses.
Lembro que sou muito arguta e resistente, porque tento a todo o momento exercitar a arte de desviar para o debate intelectual o tratamento. Teorizar, teorizar, teorizarr, muitas vezes, muito bem sobre o meu próprio estado, mas o caro Sigmund em 1912 já advertia que isto não era novidade e que estas artimanhas são categoricamente recursos que usamos para evitar a superação de nossas neuroses.
Bem, é claro que Freud me surpreendeu bastante quando disse que aprendêssemos mais com a experiência pessoal do que com toda a literatura piscanálitica que se poderia dispor.
"O ego não é senhor de sua própria casa", dizia lá o homem....

Ah, cansei, caro tovarish.
Espero que já tenham feito as apresentações entre você e minha camarada Giulietta Bronstein,
leve-a para os confins da resistência e não deixe que o partido da frustração e do diletantismo pequeno-burguês a levem em direção à casa dos mortos que não é nada dostoievskiana.

1 commento:

Anonimo ha detto...

quebrem-se ou não os egos, o meu é do tamanho de um cristo de saias rodando a bolsa no calçadão.